26/08/2009

Tempo

“Encerrado”.
Foi o letreiro que encontrou à entrada do Tempo. ‘Já cheguei tarde… Ou terei vindo cedo?’ Olhou à volta à procura de uma indicação da hora de abertura e encontrou um pequeno papel em baixo do letreiro que dizia: “Abrimos à hora certa”. ‘Hora certa…?’ pensou confusa ‘Bem, passo depois, pode ser que já esteja aberto.’ Olhou para o relógio, mas este estava em branco. Nem sinal dos ponteiros nem da numeração romana que lhe indicava os quartos de hora.
Estava estupefacta. O seu relógio preferido estava vazio! Completamente vazio!
Espreitou para dentro do Tempo e viu uma grande sala. No canto mais perto da porta de entrada há umas escadas em espiral que dão acesso à cave. Junto ao corrimão há uma tableta a apontar para baixo que diz ”Passado”.
Olhou para o outro canto da sala e viu outras escadas em espiral que davam acesso à parte superior do edificio, mas desta vez a tableta junto do corrimão dizia “Futuro”.
‘Passado, Futuro e…’ “Presente”. A tableta está presa à parede oposta à porta e por baixo da tableta está um relógio enorme e lindíssimo. A caixa do relógio é de uma madeira escura e cuidadosamente trabalhada. Os números de um ouro limpo e brilhante. Mas não tem ponteiros… ’Que estranho…!’
Voltou a olhar para o seu relógio, mas não adiantou de nada, o relógio continua vazio. E o relógio que tem à sua frente não lhe dava as horas…
Decidiu então que não valia a pena estar ali a olhar para os relógios. Era preferível passar à próxima entidade: o Espaço. Mas quando olha à sua volta não vê nada à excepção de um lugar ao lado do Tempo.
A rua que antes havia estado ali tinha desaparecido e no lugar ao lado do Tempo, onde antes era o Espaço havia um aviso “Pedimos desculpa pelo incómodo mas mudamo-nos para um lugar mais oportuno”. ‘Um lugar mais oportuno…? Mas este lugar era óptimo…’.
‘Tempo certo… Lugar oportuno…’
Voltou ao Tempo.
A rua tinha desaparecido e não há mais nada se não o Tempo encerrado e o lugar onde antes costumava estar o Espaço. O Tempo continua “Encerrado” e, não tendo outra alternativa, resolveu-se em esperar.
Sentou-se à porta e pôs-se a olhar para o vazio que tem à sua frente, enquanto espera pela hora certa.

4 comentários:

alf disse...

Fabuloso! nem sei que diga, tal o meu espanto e admiração.

Continua, quero mais!

Metódica disse...

Fico feliz que tenha gostado... Bem, vou ficar mal habituada com comentarios desses...

Eu estou com vontade de dar seguimento a este teste texto, embora saiba que vou estar a entrar em áreas um pouco 'perigosas'... vamos lá ver o que sai daqui ;P

Fá menor disse...

Isto é que é inspiração! sim senhora!
Saberemos nós qual é a hora certa? o tempo ideal? o momento oportuno? O lugar que nos cabe? o espaço que nos serve?

Bjinhos :)

Jonas disse...

Ê pá! E este blogue? Também está encerrado?