19/07/2009

Texto de Reflexão...


Há já algum tempo que ando a pensar escrever sobre religião. Mas o que escrever? E sobre o quê concretamente?
O mais provável é que seja um erro eu estar a faze-lo, mas enfim… A minha caixa de comentários está sempre aberta à crítica, portanto cá vai…

A semana passada fui abordada por um casal de estudantes estrangeiros, estavam a fazer um inquérito e a divulgar um conceito novo de Deus, assim me parece, chamavam-lhe Deu Mãe, argumentavam baseados na Bíblia, enfim não fiquei a ouvir a explicação completa.
A rapariga, quando me abordou, perguntou-me se eu acreditava em Deus. Bem, eu respondi-lhe a verdade: Não sei! E a verdade é que, não faço a menor ideia!
A rapariga olhou para mim admirada.
Há quem acredite em Deus e quem não acredite; eu simplesmente não sei! Mas sinceramente não me preocupo muito com essa questão.
Respondi ao inquérito como católica não praticante, que é o que sou teoricamente.
Quando me perguntam qual é a minha religião eu, meio a brincar, digo que sou Matemática.
O que eu quero dizer é que, eu acredito na Ciência e no Homem. Não quero com isto dizer que nego a possibilidade de existir um Deus! Nada disso. Todos nós temos que encontrar respostas às nossas dúvidas e temos que acreditar em algo. E acho que cada um deve ser livre de encontrar as suas respostas onde acha de devem estar.
Não li a Bíblia, pode ser que a leia um dia destes.
A Bíblia foi uma obra escrita por homens, certamente homens que também procuravam respostas. No fundo a Bíblia é uma versão, uma história, uma teoria de como o homem poderia ter surgido na Terra, de como poderíamos ter sido criados.
Não tenho a certeza se se pode basear uma crença num livro… Acho que se pode acreditar apenas por se acreditar, porque algo nos diz que sim ou porque de certa forma se teve algum tipo de prova …

Penso que nada deve ser feito em nome de Deus, ou para agradar a Deus. E já nem falo do fanatismo, ou das ‘Guerras Santas’ ou em matar em nome de Deus. Como diria Saramago: “Matar em nome de Deus, é fazer dele um assassino!”.
Mas por exemplo quando se está numa missa e o padre diz algo do género:”Fazer o Bem para agradar a Deus”. Na minha opinião as pessoas devem fazer o Bem, porque é o correcto, porque devemos sempre respeitar-nos a nós e respeitar o próximo.
Por isto também não reconheço os confessionários. Acho que deve ser uma maneira muito prática de cuscar a vida alheia… Nunca me confessei, mas acho que não é por alguém rezar três Ave-Marias e dois Pai- Nossos que o pecado que cometeu deixará de ter efeito. Penso que Deus não contabiliza Ave-Marias e Pai-Nossos. Caso Deus exista o que contabilizará, penso que sejam arrependimentos sinceros e não perdões comprados. Acredito que amenize o sentimento de culpa ouvir alguém dizer que com X Ave-Marias e Y Pai-Nossos se está perdoado, mas as coisas não funcionam assim.
Existe uma diferença entre o arrependimento sincero e o perdão comprado: normalmente quem se arrepende verdadeiramente dificilmente voltará a cometer o erro. Mas se alguém acreditar que pode comprar o perdão, então é o mesmo que dizer que pode pecar agora e rezar depois, que as contas serão saldadas!

Não é minha intenção ferir susceptibilidades. Este é apenas um texto de reflexão.

11 comentários:

Metódica disse...

Há outras coisas relativas ao tema que não não foram mencionadas, mas não sabia muito bem como abordar e desenvolver um tema destes, como provavelmente se deve notar...

A verdade é que este tema dá pano para muita roupa :)

antonio ganhão disse...

E tu acreditas no perdão?

Metódica disse...

António

Acredito que alguém que se arrependa sinceramente pode ser perdoada.

Sim acredito no perdão.

Lininha disse...

A religião é de dificil descrição, há uns que só acreditam no que querem ou que lhes mais interessa..enfim, inúmeras coisas... E, tu sabes, sou religiosa, mas até que ponto?? ainda não sei bem. Vou de vez em quando ouvir uma missa, mas porque gosto de ouvir o padre da igreja a que eu vou...e não é só para pedir perdão, mas sim, porque aquilo que ele diz, pode ser aplicado no nosso dia-a-dia...e é isso que eu gosto: ser boa para com os outros de maneira mais certa...
Enfim, há muitas maneiras de usar uma religião, como já disse..
*E tu tens uns bons argumentos também (e não falsos, na minha opinião) :P...Tudo depende de cada um...
**

Metódica disse...

Lininha

Pois, infelizmente há quem use a religião para manipular, com ou sem intenção de o fazer.
A fé não é algo racional e como diria o Alf: para mover massas temos que apelar ao irracional.
Depois isto é usado tanto para o bem como para o mal...

Uma vez um colega nosso disse algo muito acertado: "A igreja e Deus não são a mesma coisa"

O problema é quando o nome de Deus é usado para proveito de alguns...

alf disse...

Bom Post! E corajoso!

É preciso que mais pessoas sejam capazes de se afimar assim. Tu estás absolutamente certa e, devo dizer-te, o que dizes é muito incómodo tanto para crentes como ateus. Porque põe a nu que tanto uns como outros nada sabem sobre o que afirmam com certeza.

As Religiões que nasceram na zona mediterranica eram a teoria política do antigamente. As suas regras visavam a gestão dos seus povos. Cada povo tinha a sua religião, como hoje cada um tem a sua constituição.

Já o que Jesus disse tem um carácter diferente; o mesmo em relação a certas teorias orientais. Trata-se de caminhos de pesquisa.

Aqueles a quem cabia gerir os povos usaram as ideias de Jesus para enriquecerem a sua teoria política - a Igreja. Fizeram dele «Filho de Deus» para lhe darem credibilidade, pois a generalidades das pessoas é incapaz de avaliar as ideias por elas próprias mas apenas pela credibilidade de quem as profere.

Mas também não há fumo sem fogo nem é o facto de as Religiões visarem unicamente a gestão dos humanos que significa que não haja nada «sobrenatural». Mas para sabermos algo sobre isso temos de partir à descoberta.

Metódica disse...

Alf

"As Religiões que nasceram na zona mediterranica eram a teoria política do antigamente. "
Isto não é um pouco do que ainda se pratica nos países árabes e no médio oriente??

Eu não digo que não haja algo 'sobrenatural' :)
Concordo, há que partir à descoberta :D

Acho também que à religiões que podiam usar a influencia que têm para ajudar e aconselhar acertadamente os crentes. Por exemplo: o simples uso do preservativo evitaria que muitas pessoas fossem contaminadas com doenças do tipo da sida. No entanto o papa tendo noção disso, porque o senhor, com o devido respeito, não é analfabeto, 'critica' (não me lembrei de um termo melhor...) o uso do preservativo!
Eu acho que isto é um acto criminoso!
Ainda por cima vindo de quem vem...

Penso que a igreja católica tem que se 'modernizar', tem que sofrer algumas renovações.

Fá menor disse...

Acho que a religião não é algo para se ter ou não ter, ou para ser abordado de ânimo leve, só porque se ouvem ou vêem coisas que achamos menos boas e muitas vezes descontextualizadas.

Concordo inteiramente que seja preciso ir à descoberta, sim, mas é preciso saber aquilo que se procura.

Bjokas

Metódica disse...

Sim, tens razão, não é para ser encarado de ânimo leve e não foi minha intenção encara-lo assim.

Acho que a religião é algo pessoal e cada pessoa tem os seus motivos para crer ou para não crer, independentemente dos outros e de atitudes alheias.

bjks

alf disse...

venho aqui atrasadinho... de vez em quando tenho de me dedicar a outras coisas...responder à tua resposta

Eu sei que não disseste que não haja nada «sobrenatural». Disseste exactamente o que eu penso sobre o assunto.

A crença das pessoas é usada para fins políticos em todo o lado. No mundo ocidental estamos a usar a crença na ciência, porque é aquilo que aqui mais credibilidade tem. Nesta altura. Se amanhã a Ciência ficar desacreditada, voltaremos a ter a religião como acontece nos países árabes. E isto porque os humanos são geríveis por crenças, no fundo, somos animais domésticos como outro qualquer e precisamos de algo que nos diga como proceder porque a nossa cabecinha apenas sabe obedecer, não sabe «pensar».

Quando ao preservativo, penso que a posição do Papa é irrelevante no que as pessoas fazem nessa matéria. À excepção de uma percentagem minúscula, as pessoas agem como acham que melhor serve os seus interesses.

Em África, pensar que o uso do preservativo pode resolver o problema da sida é uma utopia. Aliás, o primeiro problema de África nem é a Sida, é o excesso de natalidade face aos recursos.

Nos calores de África, a sexualidade das pessoas torna-se mais intensa, as hormonas são estimuladas por aquele clima; o uso do preservativo só é eficaz para quem o usa de «cabeça fria», pois noutras circunstâncias acaba mal utilizado.

Assim, promover uma mentalidade diferente poderá ser mais eficiente. A nós chocam-nos as ideias da Igreja, mas nós temos alternativa, não estamos nas mesmas condições das pessoas em África. A ideia de sexo livre não é compatível com as condições existentes em África, com preservativo ou sem ele, por isso é preciso condiciona-lo.

No fundo, nós tb condicionamos os nossos comportamentos face a situações anómalas, por exemplo, a ameaça de uma epidemia de gripe; não basta andarmos todos de máscara. O mesmo se passa com a sida em África: é preciso condicionar os comportamentos para controlar a epidemia.

Metódica disse...

Sim, tem razão!
Em primeiro lugar há que mudar mentalidades :D