01/03/2010

Uma página da nossa História!

Até que ponto conhecemos verdadeiramente a nossa história...?
Quem somos, porque o somos...
Só sabemos o que nos contam, e quem conta só conta o que quer e como quer...
Mas há mais, há sempre algo mais que ficou por contar. Tá toda uma história, quase milenar que nos sustenta como povo. Uma história que nos fez...
E porque é que me lembrei disto agora... Pois bem, andei a fazer umas pesquisas históricas digamos... E o que me trás hoje é a Guerra Colonial!
Não é um assunto alegre, não é uma página de história de que nos orgulhemos, mas aconteceu e não há razão para o esconder! Não o podemos esconder!
À dias andei a ver as cadernetas militares dos meus avós e quando se procura alguma coisa acaba-se sempre por descobrir mais... apercebi-me que enquanto estudante nunca me falaram sobre esta página negra da minha história!
Eu vi imagens da guerra num livro que na altura conseguiu passar despercebido na bagagem de um militar... Nesse livro eu vi pessoas mutiladas, decapitadas, corpos cortados, homens mortos enterrados até à cabeça e crianças assassinadas, sim, porque nem as crianças, que eram inocentes, escaparam!
Brancos e negros, homens e mulheres! Eu vi o que o estado novo tentava esconder... Há sempre alguém que encontra e guarda uma verdade para que mais tarde seja descoberta...
À algum tempo, alguém ligado ao cinema afirmou que se podiam fazer tantos filmes sobre a guerra colonial como os que há a contar a Guerra do Vietname...
Temos tendência a não querer lembrar as negras páginas da história, especialmente quando se trata da nossa história. Mas a verdade é que isto não devia ser escondido, isto devia ser dado nas escolas, assim como o é a 2ª Guerra Mundial!
Quando vi aquelas imagens, pensei 'Porque é que nunca ninguém me contou sobre isto!" Claro que eu já sabia que a Guerra Colonial tinha existido, mas não sabia como tinha sido.
Ouvi histórias sobre o quão mal informados e ignorantes iam os soldados portugueses para África, histórias sobre o como essa ignorância foi paga em vidas humanas. Contas que depois eram acertadas em batalhas, onde sempre havia homens que morriam,fosse de que lado fosse...Morreu quem tinha e quem não tinha que morrer.
Quem volta nunca conta tudo! Quem volta trás consigo lembranças que quer esquecer! Que daria tudo para esquecer...
Quem volta trás consigo a morte!
A morte daqueles que, por ventura, teve que matar para que não fosse morto, a morte daqueles viu morrer e a morte que viu nos olhos dos que já jaziam mortos...
Quem volta nunca recupera completamente e quem lá fica também não. Todos temos os nossos fantasmas! Mas à pessoas que têm a própria morte como fantasma...
Há factos que não devem ser esquecidos pelas lições que nos deixam, e este é um deles!

4 comentários:

antonio ganhão disse...

A história que hoje se ensina no 4º ano é do tempo do Estado Novo, até lá está a padeira de Aljubarrota!

alf disse...

Pois, a guerra está para lá de toda a imaginação.

Eu estive para ir para a guerra e quiz saber como era. Perguntei a uma data de gente que lá tinha estado e ninguém me dizia nada. Até que um dia, o empregado do restaurante onde eu ia normalmente,que era da minha idade, depois de muita insistencia minha, me disse, com o ar mais sério que alguma vez lhe vi:

Quer saber como é aquilo lá?
Criavamos cabras para a nossa alimentação; para matar uma cabra nunca era com um golpe limpo; furavam-se-lhe os olhos, cortava-se a língua, etc.
Calou-se e não disse mais nada. Nunca mais perguntei nada a ninguém.

Metódica disse...

António

A diferença é que agora há o Magalhães como auxiliar de estudo...

Metódica disse...

Alf

pois...