23/02/2010

Tempo II

A primeira parte está aqui: Tempo

Acordou com a porta a destrancar-se atrás de si.
'Adormeci...' disse confusa. Tinha feito uma longa viagem até ao Tempo, estava cansada e por isso adormeceu. ‘Queria tentar compreender...’
Olhou em volta, mas a rua que outrora ali estivera continuava desaparecida, e no lugar do Espaço continuava a tabuleta com a informação de o Espaço se havia mudado para um "lugar mais oportuno".
Consultou seu relógio mas nada! Continuava vazio... 'Assim também não me serves de nada!' Tirou o relógio do pulso e guardou-o na sua mala. 'Bem, parece que vou ter que me contentar só com o Tempo'. Virou-se para entrar no edifício e reparou que havia um letreiro de boas vindas. Abriu a porta que estava encostada e entrou.
A porta voltou a encostar...
'Bom dia...' cumprimentou ela a sala vazia, na esperança de que aparecesse alguém.

A verdade é que ela também já não sabia bem em que altura do dia se encontrava, mas isso pouco importava, finalmente tinha conseguido entrar!
Ninguém lhe respondeu de volta.
Dirigiu-se ao balcão que se encontrava em frente àquele magnifico relógio, que continuava sem ponteiros, e reparou que pousado sobre o tampo estava uma folha de papel algo gasta. No topo da folha e a letras grandes estava escrito "Caro Visitante". 'É para mim' constatou.


Seja bem vindo/a ao Tempo!
Este edifício é composto pelo rés-do-chão (onde se encontra neste momento), por um primeiro piso e por uma cave.
Não existe qualquer funcionário para auxiliá-o/a.
Terá o tempo que quiser e o edifício todo à sua disposição, pode entrar onde as portas o/a deixarem, mas todas as respostas que procura terá que ser você a consegui-las a partir do que vir e descobrir.
Esperamos que encontre as respostas que procura.
Atenciosamente
A Gerência


Sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo. 'Só estou cá eu! Então, mas quem abriu a porta... Bom dia, está aqui alguém! Quem abriu a porta!?'
Desistiu, ninguém lhe respondia. Olhou à sua volta e começou a reparar no espaço que a rodeava. Era uma sala quadrada ampla sem grande decoração. Havia três quadros, um em cada parede fazendo alusão à 'Primavera, Verão, Outono e Inv... Onde está o Inverno?' À sua frente continuava o grande relógio com a numeração de ouro. Afastou-se um pouco do balcão e apercebeu-se que estivera encostada ao quadro ilustrativo do Inverno. Era uma imagem interessante... Quem de fora olhasse atentamente de frente para aquele cenário veria a tabuleta a dizer "Presente", logo em baixo o relógio e logo a seguir o quadro ilustrativo, sem que se apercebesse que o quadro estava colado a uma bancada. 'Curioso...' Murmurou enquanto meditava sobre isso.
'Bem, já chega de conversa, ao trabalho!'
Iria começar pelo Passado. Dirigiu-se à tabuleta à sua esquerda e desceu pelas escadas em espiral que a encaminhariam ao Passado. Quando desceu o último degrau deu de caras com uma sala. Não havia porta a separar o presente do passado... Deu alguns passos em frente e de repente o espaço à sua frente encheu-se de imagens que eram seguidas de outras imagens, umas formavam uma sequência de acontecimentos, outras eram apenas imagens desconectadas umas das outras, que iam passando.
Olhou para as paredes à sua volta e continuava a ver imagens. Olhou para trás e nada. Atrás de si estava apenas a escada por onde tinha descido. Parecia que as imagens vinham do presente... 'Até tem lógica que assim seja, e isso explica o facto de não haver porta... Sim, faz sentido!" Voltou a concentrar-se na parede em frente às escadas. Olhou melhor para aquele filme de imagens desconexas e aquelas imagens pareceram-lhe familiares. Reconhecia algumas situações. Eram imagens e situações que lhe pertenciam, que faziam parte de si. Aquele filme de imagens desconexas era o seu passado. Olhava atentamente para o seu passado 'Como o tempo passa...' Os seus olhos encheram-se de lágrimas ao rever algumas imagens.

Voltou a si recordando-se de que ainda tinha muita coisa para fazer e não tinha noção do tempo que já tinha passado desde que adormecera...
Virou as costas ao seu passado e subiu as escadas.

Lá em cima estava tudo como havia deixado. 'Que estranho... Agora: Futuro' e dirigiu-se às escadas em forma de espiral que se encontravam do lado direito do fundo da sala. Quando chegou lá a cima tinha à sua espera uma porta da mesma madeira que a caixa do grande relógio e igualmente bem trabalhada. Ia rodar a maçaneta quando reparou que não havia maçaneta, nem qualquer outra coisa que permitisse abrir a porta 'Mas, mas..."...pode entrar onde as portas a deixarem..." Ah! Então era isto que isso queria dizer...' ainda tentou forçar a porta mas esta não se mexia...'"...todas as respostas que procura terá que ser você a consegui-las..." Está bem, já percebi' dizia ela à sua memória, 'Bem, sendo assim não tenho mais nada a fazer aqui...'
Desceu as escadas lentamente, ainda intrigada, tinha apurado a audição, não fosse a porta abrir entretanto... Deslocou-se à porta de saída, virou-se de frente para a loja para poder aprecia-la uma vez mais... 'Mas porque raio é que a porta não abriu??'
E saiu.

20/02/2010

Uma Janela Para o Infinito


Há umas semanas acabei de reler um livro que tem por titulo "Uma janela para o infinito".
Comprei-o por ser uma espécie de biografia de George Cantor, um dos meus matemáticos preferidos. O livro fala sobre um matemático que é internado numa clínica psiquiátrica e que ganha como companheiro de quarto um soldado francês.
Fiquei fascinada quando li o livro pela primeira vez! As matemáticas que Cantor criou ou descobriu, dependendo da perspectiva, são fascinantes. O livro não fala de toda a matemática produzida pelo senhor, mas permite-nos ter uma ideia muito clara e muito bela sobre a noção de conjunto e sobre o infinito.
Antes de Cantor o infinito era encarado como uma espécie de tabu pelos matemáticos, ninguém sabia muito bem como deveria tratar o problema. Quando Cantor apareceu com as suas ideias foi ridicularizado, pois os conceitos eram novos e inovadores, mas a verdade é que o seu contributo foi importantíssimo, ao ponto de um dos grandes matemáticos da sua época ter dito "Ninguém nos poderá expulsar do Paraíso que Cantor criou." (David Hilbert).
Mas voltando ao livro em questão!
Fiquei fascinada também por perceber que é um livro que fala acima de tudo do ser humano e das suas fragilidades. Um livro que nos questiona sobre nós mesmos, o que somos, quais os nossos limites...

A matemática em questão é explicada de maneira simples e acessível, qualquer pessoa que tenha uma mente aberta e não tenhas preconceitos relativamente à matemática, facilmente entenderá o que é explicado.
Ok, é uma matemática diferente à que é dada até ao 12º, mas talvez seja mais simples e haverá um ou dois momentos em que algumas respostas serão menos óbvias e de certa forma estranhas, por falta de expressão melhor. Mas isso faz parte do charme da Matemática.
Deixo aqui um excerto para aguçar a curiosidade:

"...sempre estive convencido de que temos algo que ver com o infinito.
A voz de Herr Singer engrossou.
-Quando digo «temos», quem é o «nós»? Pois bem, o senhor, eu, toda a gente. Os homens. É mesmo a nossa principal característica. Creio que é esse conluio com o infinito que faz de nós os homens que somos, sem dúvida, mais que a certeza de morremos um dia. Talvez as duas coisas estejam ligadas, quem sabe?... (...)
-Isto é tanto mais verdade nos homens que foram encaminhados, como nós, para estabelecimentos de cuidados de saúde deste tipo: os insanos, os nervosos,os alienados têm, mais do que os outros, algo que ver com o infinito. É mesmo o seu tópico mais premente. Porquê?"
Uma Janela Para o Infinito, Denis Guedj

Já agora onde há mais pontos: num quadrado ou numa das suas arestas?
Esta foi uma das questões a que Cantor deu resposta, e uma resposta bastante improvável diga-se, mas ao mesmo tempo bastante interessante!
É um livro que aconselho vivamente!

19/02/2010

Publicidade

Bem quando não se tem assunto tem se que arranjar alguma coisa, nem que seja para não perder o hábito...
Há alguns dias estava a ver um anúncio publicitário e devo dizer que me chamou a atenção por ser extremamente estúpido!
É um anuncio a um creme para as borbulhas, e basicamente consistia numa adolescente que desmarca um encontro com um rapaz de quem gosta porque está a sentir uma borbulha a nascer. Mas que estupidez!!
Primeiro, ok as borbulhas são um problema, mas nenhuma rapariga deixa de sair com o rapaz de quem gosta por uma borbulha que ainda nem nasceu e que nem ela sabe se vai nascer.
Depois é um objectivo da publicidade fazer com que o espectador se identifique de certa forma com a situação e queira adquirir o produto. Que imensas adolescentes deste país queiram e precisem de creme para as borbulhas é um facto, mas não deixam de sair com rapazes por isso!
Outra coisa interessante na publicidade em gera, é que as pessoas que fazem os anúncios a certos produtos pareçam saídas de revistas de moda, e nunca ninguém diria que alguma vez tenham tido problemas para que tivessem que recorrer ao que anunciam, e isto é mais notável no que diz respeito a cremes de beleza e cereais para manter a linha.
Talvez mais nos cereais, porque relativamente aos cremes de rugas, hidratação, etc. sempre se pode dizer ' Se quer ter uma pele como a minha use X'.
Mas os anúncios a cereais para manter a linha são anedóticos! As raparigas/senhoras que aparecem em primeiro plano a ver se conseguem passar a imagem de que não cabem nas calças são MAGRAS! Na cena seguinte em que, depois de não sei quantas semanas de consumo dos cereais já conseguem caber nas calças, estão na mesma! Não emagreceram nada! Ou as calças são as mesmas ou deram-lhes um número acima, mas as pessoas que fazem os anúncios estão exactamente na mesma!
Havia um programa na SIC Radical que mostrava anúncios publicitários do arco da velha, mas era muito interessante, alguns eram tão bons como uns que passam neste momento nos canais televisivos, enfim...
O que vale é que também há boa publicidade!

01/02/2010

Um Curso...?


Desde que comecei esta minha nova vida académica que ando com vontade de escrever sobre o ingresso ao ensino superior, ou melhor o que, na minha opinião se deve saber/ fazer antes de se ingressar no ensino superior. Isto porque vejo alguns colegas que se arrependeram e podiam ter evitado essa situação se tivessem tido os esclarecimentos necessários. Não quero com isto dizer que vou escrever um tratado sobre o que se deve saber antes de entrar na faculdade ou um tratado de como escolher o curso certo. Vou apenas dar algumas dicas que penso serem úteis e falar um pouco sobre a vida académica.
Existem três tipos de alunos no ensino secundário: os alunos que já sabem o querem seguir, os alunos que não sabem o que seguir e os alunos a quem isso não importa muito:"Logo se vê!".
Falo basicamente por experiência...
Quando se pensa em escolher um curso penso que para começar não é má ideia começar por elaborar uma "lista" com disciplinas que mais se gosta e depois fazer uma pesquisa sobre os cursos que têm como base estas disciplinas. Isto porque é sempre melhor estudar-se o que se gosta...Ou então fazer uma lista de cursos que seriam interessantes .
Há outra pergunta a que também é importante responder: "Candidato-me a um curso que gosto ou que tenha saída?". Se o curso de que se gosta tem saída, óptimo. Se não tiver, terão que escolher, estando sempre conscientes de que a escolha é vossa e serão vocês que viverão as consequências dessa escolha, seja ela boa ou má.
Depois de ter um curso em mente à que fazer alguma pesquisa, primeiro saber quais as saídas profissionais, se possível trocar algumas ideias com alunos do curso e com profissionais que exerçam a profissão pretendida. Isto é muito importante porque permite tirar duvidas, satisfazer curiosidades e aumentar o interesse pelo curso ou fazer ver que afinal não é bem aquele o curso de que estavam à procura.
Depois deve-se ver quais as faculdades que têm o curso que desejamos, quais delas são as melhores, que tipo de curso é e como o curso está organizado.
Muitas faculdades durante o Verão têm estágios para os alunos do ensino secundário, podem informar-se no site da ciência viva ou estar atentos aos cartazes expostos nas vossas escolas...
Aconselho vivamente aos alunos que puderem a frequentar estes estágios. Permite que tenham um contacto mas próximo com as faculdades e os seus professores, ajudam a tirar muitas dúvidas e alargam-nos os horizontes em muitos sentidos...
Como disse no inicio o meu objectivo com este post é tentar ajudar os alunos que eventualmente estejam nesta situação...
Informem-se o mais que puderem antes de tomarem uma decisão, mas lembrem-se que se em qualquer momento durante o curso chegarem à conclusão de que não é aquilo que querem, não há qualquer problema em mudar: é o vosso futuro que está em jogo.
Boa Sorte ;)